Não tenho tempo!

O que posso chamar, quando me acontece algo bom e quero partilhá-lo de imediato contigo?
Quero que saibas antes dos outros.
Quero que fiques feliz por mim.

Estarei a pôr quadrados na ranhura dos triângulos?

Tudo que seja incondicional e dramático,
deixo dentro de mim.
Não por egoísmo, mas porque sei que me vai arrancar mais um pedaço e temo.

Mas por vezes pergunto-me se não são os momentos em que só nos vemos aos dois e tudo à nossa volta desfoca, que fazem com que a estadia aqui valha a pena.
Um refúgio do vulgar e do quotidiano.
A vivência em pleno das nossas capacidades emocionais, onde o corpo transborda de energia colorida.

Arranjamos a falta de tempo.
A falta de disponibilidade emocional.
O amor-próprio e o ego.
Desculpas para não deixarmos ninguém entrar.

Vale a pena?

Pedaços de papel

Bom, está a resultar, se o que queres é que me afaste.
Pensei que fosse uma espécie de proteção, mas pergunto-me se vales a pena ou se te posso colocar junto de todos os outros.

O que te dou de mim, cai no chão, enquanto coloco tudo de ti numa bolsa.

Queres ver até onde fico,
Ou queres mesmo que vá?
Já te fizeste essa pergunta?!

Já te questionaste se o erro será o pagamento ou empurrão?
Depois ficas desiludido contigo e voltas para tocar no que é meu.

Apanho os teus olhos do meu ombro e coloco-os no teu colo.
Apanho o teu desamparo dos teus passos e dou-me a ti.

Construo pontes de homenzinhos para chegar perto de ti.
Envio cães ao teu alcance.
Dou-te o meu olhar,
As minhas mãos,
Os meus braços.

E fico com tudo.
E com o teu calor.

Rímel e jogos

Ela passeia o seu corpo pela calçada, seguida da sua sombra.

O seu perfume,
O seu cabelo que acompanha os movimentos que faz, brilha.
Consegues perceber os movimentos das suas pernas através das calças.

Os seus olhos seduzem-te.
O castanho semitransparente cativa-te.

Mas por baixo do rímel e do brilho esconde saudade,
Esconde o tempo que foi,
Esconde o relembrar permanente,
Esconde-se.

Saem as palavras que queres ouvir.
Que te provocam,
Que te deixam a pensar.
Não te dá nem um pedaço dela.
Dá-te o que pensas que é.
E depois pára.
Choca-te.
Entra no teu jogo.
Quer-te ter pelo prazer da competição.

A pergunta é simples: queres jogar?

Linha

As ondas do teu cabelo encaixam na perfeição nos contornos dos meus dedos.
O calor das tuas mãos faz-me questionar.

Perdi-me.
Outra vez.
Perdi a minha razão,
e a minha barreira.

Deixei-me ficar pela tua candura.
Pelas palavras que não dizias,
E pelas que disse a mais.

Escondo vontades que as flores azuis me trazem.
Disfarço o querer que suo à noite.

A lã que carrego nos pés, faz-me passar sem que me notes.
O cheiro que deixo em casa permite-me dissimular as minhas cores.
Deixo-me como o tempo, cinzenta e indesejável.

Os gritos entram em mim.
Tento espelhar, mas estão a ficar guardados no meu interior.
Mas a tua luz ajuda.
Ajuda a espantá-los.
Mas tenho medo de ta roubar, por isso vou manter-me do meu lado da linha enquanto ficas no teu.

Croissants

Caminhava em frente, quando de repente me deparo com os teus caracóis escuros.
Eles balançavam enquanto lia a tua energia alegre.
A tua desconfiança depressa se tornou em inseparabilidade.
A minha barreira derreteu como o chocolate dos croissants e percebi que o nós que encontrámos não era de hoje.
É uma história já antiga aquela que nos liga.
Somos do passado.
Aqui foi apenas um reencontro.

A tua luz,
Calma,
Segura.
O teu coração,
meigo,
quente.

O nosso laço transcende qualquer um que conheça.
Somos do mesmo traço.
Da mesma cor.

As lágrimas que chorei por ti foram apenas de orgulho.
Por quem te tornaste, pelo caminho que seguiste.

Estás no meu coração, e suspeito que sempre estiveste.
Desejo que não saias nunca.

Adoro-te borboletinha!
Parabéns.