Novas linhas

Sem aviso,
Sem localização espácio-temporal.

Tinha tudo memorizado, planeado e delineei o que queria para mim.

E não sabendo como, os teus olhos fizeram-me sentir diferente.
Querer estar perto do teu calor e deixar-me ser olhada por ti.
Não usar as palavras com medo de estragar o nosso respirar.
Fazer desaparecer tudo dentro de um beijo.
Naquelas mãos que me fizeram sentir que era tudo…

As mesmas que me largaram e me deixaram vazia.

São as tuas mãos que as minhas procuram.
O teu agarrar que me encontrou, é o que quero sentir, sempre.

Tudo o resto se tornou secundário.
Até que eu vi.
A poeira que nos rodeava foi soprada e sobrámos apenas nós. Frente a frente.
Eram os mesmos olhos.
Aqueles que me diziam repetidamente que era eu.
Foram ultrapassados pelos lábios que me diziam que eu não era suficiente.

Os lábios que acariciaram os meus, agora destruíam o que acreditava, o que sentia.
Enquanto o teu corpo lutava para dizer o contrário, e as tuas mãos forçavam o caminho até ao meu corpo, onde não me queriam deixar.

O meu cabelo deixou de ondular.
As minhas mãos soltaram-te.
Os meus lábios deixaram de procurar a tua pele.