Borboleta

Levei o meu corpo contra a parede.
Partiste a tua liberdade, deixando-a perdida na calçada…
Quem sou eu para determinar o som dos teus passos, pelo bater das minhas asas?!
Serei eu a pessoa a dizer-te a tuas cores, baseando-me nas minhas?
Terei batido as asas, criando um turbilhão no teu cérebro, ou terei passado tão de leve à tua frente, que nem me fixaste?
As minhas cores apagaram-se!
Bateste-me com um jornal e fiquei com as letras negras em mim. Espetadas.
Durante este tempo fui montando uma torre de “choux” com cobertura de chocolate. Hoje derramaste-a. Sobre mim. Sobre os meus olhos.
Continuarei a voar sobre a tua cabeça, e brincarei com os teus cabelos. Mas de certo, de novo, não pousarei no teu ombro.
A tua magia amoleceu, mal te entornaram um copo de leite morno no coração.
A tua alegria,
honestidade e dignidade, foram-se dissolvendo e rasgando, até secarem com o sol.
Farás o teu caminho vulgar, mesmo sabendo que és especial.
Acompanharás os restantes, apenas com uma réstia de lembrança do que podias ter sido.
Mais tarde esquecerás!
Serás como todos e como cada um, dos que irão ao teu lado.

Ao ver-te partir, choro as lágrimas que me deste durante este tempo. Dou-tas de volta. Desiludida.
És agora o que nunca sonhaste ser.
És as palavras críticas que pronunciaste.
E para que não te fuja, para que continue em ti, escolhi ser o sorriso fingido e a orelha mouca, que te acompanharão disfarçados de mim.