Agarro-te a face com as mãos.
Percebes-me?
Talvez não tenha sido clara o suficiente.
Na minha cabeça disse tudo, mas talvez as palavras tenham ficado presas em mim.
Fui tua enquanto era minha, mas ao mesmo tempo sempre fui mais minha do que tua.
Não deixando de ser tua, naquele tempo. Naquele espaço. Que era mais teu do que meu, enquanto eras meu e deixavas de ser teu.
E eras meu. Dos meus braços. Da tua força. Dos nossos olhos. Daquele estado, fora de tudo.
Quando nos deixámos perder?
Naquele espaço onde nos perdemos um no outro, ou na hora seguinte quando nos perdemos um do outro?
A efemeridade transforma. Transforma-nos.
A urgência de sentir o calor da outra mão e de ver o tempo fugir, consome as nossas ações e a forma como me sentes.
Perde-te comigo enquanto o ponteiro do relógio segue.
Prometo que não esmago o teu coração.