Dar a mão em silêncio

Ontem sentia ainda o teu abraço apertado,
e a tua carícia.

Hoje,
agarraste a minha mão com a força de não me deixar partir
abriste os olhos e miraste as minhas feições para não me esqueceres
disseste adeus. Sem palavras. Sem som. Apenas.

A vida que não era já vida roubou-te a cor
tirou-te o ar
cortou-te a voz.
Ficaste apenas contigo em silêncio. Em dor. Em solidão.

Fomos, juntos, de mãos dadas, dizer-te um adeus que nunca será final.
Fomos, juntos, cheios de memórias conduzir o corpo que te atraiçoou para a terra.
Somos, juntos, o porto de abrigo familiar que sempre foste.

Foste, és, serás sempre, uma memória quente de cheiro a torradas pela manhã.

Amanhã
estamos aqui, sem ti, com a Terra ainda a rodar.

Leave a comment